quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Comentários sobre “IPCC SREX Regional Outreach Meeting”



Nos dias 16 e 17 de agosto de 2012, foi realizado em São Paulo o “IPCC SREX Regional Outreach Meeting”, em São Paulo, que teve como tema o gerenciamento dos impactos dos eventos climáticos extremos. Alguns integrantes do grupo de extensão UFABC+20 participaram do evento e aqui registram seus comentários, por reconhecerem a importância do evento, e o significado para o nosso projeto de extensão.
O programa, especificado abaixo, abrangia palestras e debates:

Período da manhã do dia 16 de agosto:

Apresentação Geral do Relatório e Seus Capítulos:

Vicente Barros- CIMA - Centro de Investigación del Mar y la Atmósfera / UBA - Universidad de Buenos Aires – Argentina
Sebastián Vicuña- UC - Pontificia Universidad Católica de Chile - Chile
José Marengo- Comitê Organizador IPCC SREX Regional Outreach Meeting 2012/CCST - Centro de Ciência do Sistema Terrestre / INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Brasil
Carlos A. Nobre- SEPED -Secretaria Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento / MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – Brasil
Úrsula Oswald Spring- UNAM - Universidad Nacional Autónoma de México – México
Mario Nuñez- CIMA - Centro de Investigación del Mar y la Atmósfera) / UBA -Universidad de Buenos Aires – Argentina

 Período da tarde do dia 16 de agosto:

Fórum sobre Políticas e Práticas

Moderador e comentador: Freddy Picado - CATHALAC – Panamá
Carlos F de Angelis - CEMADEN, Brasil
Ana Deysi Lopez-MARN, El Salvador 
Alberto Maturana - Universidad de Chile, Chile 
Ricardo Peñaherrera - Municipio de Quito, Ecuador 
Pablo Pastor - CEPREDENAC, Guatemala
Felipe Yupa - La Positva Seguros, Peru 
Jose A.Aravéquia - CPTEC, Brasil 
Melva Gonzalez - CENEPRED, Peru 
Olga Penalba - Universidad de Buenos Aires, Argentina 
Carlos Rittl - WWF, Brasil 

Tópicos abrangidos no fórum:
•         Apresentação das principais iniciativas científicas
•         Apresentação de iniciativas governamentais de relevância
•         Apresentação de iniciativas privadas de relevância
•         Apresentação sobre o marco político regional
•         Apresentação sobre os principais programas de ONGs




SREX Conversa Direta:


Moderador e comentador: Ana Lucia Azevedo - O Globo – Brasil
Incluiu a equipe de autores do IPCC SREX, pesquisadores sobre extremos climáticos, profissionais atuantes experientes na área, gestores e líderes de instituições de prevenção a desastres e defesa civil dos governos federais e estaduais da região.

Carlos Nobre - SEPED MCTI, Brasil
Vicente Barros - CIMA/Universidad de Buenos Aires-IPCC, Argentina 
Virgina Fernandez - Presidencia da la República, Uruguay
André Có Silva - Ministério da Intergração, Brasil 
Luci Hidalgo Nunes - UNICAMP, Brasil 
Steven Price - CKDN, Colombia
Carlos Klink - Ministério do Meio Ambiente, Brazil
Eric Alfaro - Universidad de Costa Rica, Costa Rica 
Fabio Feldman - FPMC, Brasil

Tópicos discutidos:
Tópico 1: Características dos impactos dos desastres em países em desenvolvimento e desafios 
Tópico 2: Redução do risco de desastres devem ser a pedra angular da economia nacional e da política social
Tópico 3: Qual o seu significado para a América do Sul e Central? Existe uma marca humana em alguns dos desastres?

Estudantes do UFABC+20 participam do  “IPCC SREX Regional Outreach Meeting” 



As palestras do primeiro dia trataram, portanto, dos principais pontos do Relatório Especial sobre Gerenciamento de Riscos de Eventos Extremos e Desastres para Promover Adaptação à Mudança do Clima (SREX), elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). Durante as palestras e debates que as seguiram, foi enfatizado o que é necessário para que ocorra um desastre natural: junção de eventos climáticos, vulnerabilidade e exposição.

 A vulnerabilidade é determinante para diferenciar a gravidade de eventos e também explica o fato de um evento climático ocasionar um desastre em um local e em outro não. Desenvolver políticas que diminuam a vulnerabilidade em certas regiões é, portanto, essencial. Além disso, a exposição de grupos humanos à regiões propensas a desastres deve ser controlada. Como por exemplo, o fato de que se pode morar em um local sujeito a enchentes, mas que disponha de infraestrutura adequada a essas ocorrências (exemplo dado por Sebatian Vacuña).
Assim, vulnerabilidade e exposição dependem de eventos climáticos. No entanto, os eventos climáticos são forças da natureza, que não podem ser totalmente controlados.
Foi também enfatizado que desastres podem ocorrer sem eventos climáticos extremos, devido a fatores socioeconômicos, que influenciam fortemente na vulnerabilidade e exposição de um determinado grupo de pessoas. Desse modo, pode-se dizer que o risco de desastres está ligado ao nível de desenvolvimento de um local.
Outro aspecto levantado no decorrer das palestras foi o fato do número de desastres ter aumentado muito nos últimos anos e das perdas econômicas relacionadas a eles terem aumentado mais ainda. 
O debate no fim do dia do primeiro dia do “IPCC SREX Regional Outreach Meeting”, foi centrada no ceticismo em relação ao aquecimento global. Foi feito um alerta quanto à maneira com que a mídia trata a questão, passando informações que podem levar a equívocos, causados seja por falta de conhecimento, seja por vezes por sensacionalismo. O debatedores concluíram que para contornar esse problema e obter o apoio do público leigo, é preciso incluí-los na discussão, que deve ser mais ampliada, ainda mais nesse momento, em que céticos ganham força.
Já no segundo dia do evento (17 de agosto), foram formados grupos de trabalhos para discutir quais propostas são eficazes e como podem ser construídas para auxiliar na gestão dos Riscos Extremos Climáticos e Desastres na América Central e do Sul. O consenso geral a que se chegou foi que precisamos de mais ações educacionais, para diminuir as ações reativas e aumentar as escalas de ações preventivas. Outro ponto bastante discutido foi a questão do planejamento territorial (plano diretor, zoneamento, entre outros), os quais também devem ser instrumentos para a auxiliar na gestão dos riscos extremos e desastres climáticos.
Houve também o consenso nos grupos de trabalho de que é necessário formar mais profissionais nesta área, pois existe um grande déficit de mão de obra qualificada tanto no âmbito nacional como internacional (no caso América Latina e do Sul).




por Marina Lopes, Patricia Caetano, Tatiana Gonçalves

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

14 de Agosto de 2012 

Evento em Brasília discute desdobramentos da Rio+20


Autoridades e especialista se reuniram, nesta terça-feira (14), em Brasília, para avaliar os desdobramentos nas negociações internacionais sobre a mudança do clima após a Rio+20. Em comum, os palestrantes destacaram a importância da realização do evento mundial para “despertar para a importância da sustentabilidade como o caminho possível do desenvolvimento”, disse o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, representante do Ministério das Relações Exteriores, que participou do seminário.


O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Defesa do Meio Ambiente (INMA), Aldo Arantes, disse que concordava com o embaixador que defendeu que o modelo econômico deve considerar as três dimensões – desenvolvimento econômico, social e meio ambiente.

Segundo Arantes, “a questão ambiental colocada de maneira individual leva a 'burrice'”. O meio ambiente não é um penduricalho que vamos colocar no modelo de desenvolvimento”, afirmou, acrescentando que não defende nem o “santuarismo” e nem “desenvolvimento predatório”.

Ele refutou as críticas negativas que foram feitas no encerramento da conferência. Segundo ele, aqueles que criticaram o resultado do evento – setores da mídia, as ONGs ambientalistas, citando nominalmente a wwwf, e a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deixaram claro a defesa da visão neoliberal – menos estado e mais mercado.

Dois modelos

Segundo Arantes, o evento discutiu dois modelos – o da economia verde e o do desenvolvimento sustentável. O da economia verde, trazido pelos países da Europa, se contrapõe à do desenvolvimento sustentável, defendido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

A proposta trazida países europeus e pela ONU (Organização das Nações Unidas) mudou o foco do debate, que havia sido definido na convocação da Conferência Mundial que era o de discutir o desenvolvimento sustentável.

Na avaliação de Arantes, “(a economia verde) Sob a capa do verde, é um grande negócio, que coloca o centro nos capitais privados, que querem vender aos países em desenvolvimento equipamentos e tecnologia de economia verde. O interesse é lucro e não atende o desenvolvimento sustentável”, explica.

Segundo ele ainda, o núcleo de desenvolvimento (da economia verde) é menos estado, que foi o que produziu a crise econômica internacional atual, que decorre da política neoliberal, de mais mercado, que conduziu a fome, desemprego e crise ambiental.

Vitória dos Brics

Ao se opor a criação da agência ambiental internacional, os Brics conquistaram importante vitória sobre os países europeus que na verdade queriam criar uma entidade nos moldes da OMC (Organização Mundial do Comércio) e as decisões teriam caráter impositivo, para forçar aos países em desenvolvimento a lógica do mercado.

“Faço essa crítica à economia verde de mercado ao contrário da economia verde inclusiva e soberana, que tem o mérito de querer reduzir o consumo dos recursos naturais – energia, água, enfim, preservar recursos naturais, que deve ser incorporado ao modelo de desenvolvimento”.

Arantes também avalia que a Rio+ 20 terminou com limites - sem definição de recursos e metas - mas teve vitórias em torno do estabelecimento dos objetivos estratégicos. A conjuntura – de crise econômica nos Estados Unidos e Europa - permitiu a vitória dos Brics, que agiram articuladamente na conquista dessas vitórias, destacou ele.

Com relação ao financiamento, ele avalia que não se tomou nenhuma decisão sobre financiamento e nem se estabeleceu meta, mas por responsabilidade dos Estados Unidos, que disse estar em crise e não poder assumir essa responsabilidade, em resposta à proposta do G 77 + China, que fez a proposta de criar fundo público de 30 milhões de dólares. Para Arantes, não pode se esperar por recursos da iniciativa privada para garantir o desenvolvimento sustentável.

Harmonia entre os setores

O embaixador Luiz Alberto Figueiredo, que foi o negociador na Rio+20, fez um balanço dos desdobramentos da Rio +20. Para ele, o resultado mais importante e mais óbvio foi aprovar a ideia de que o mundo se beneficiará de metas e objetivos claros na área de desenvolvimento sustentável, que representa a harmonização entre desenvolvimento econômico, social e ambiental.

Segundo ele, os objetivos do desenvolvimento sustentável devem entrar em vigor em 2015 com a plena introdução das três dimensões. Nesse meio tempo, os países devem estar comprometidos com os Objetivos do Milênio, que expirarão em 2015.

E elencou as diversas atividades que está sendo executadas a partir das propostas aprovadas na Rio+20, como a criação de um grupo de trabalho com 30 representantes governamentais, que preparará relatório com uma proposta de objetivos e metas para ser aprovada na sessão 68a da Assembléia Geral da ONU em 2013. “A partir daí começa processo plenamente desses objetivos”, explicou o diplomata.

Outros grupos foram criados para tratar de assuntos específicos, como grupo de trabalho para identificar meios de financiamento; um fórum político de alto nível para dar sustentação a implementação das metas e objetivos aprovados, mecanismos de transferência de tecnologia e fortalecidas as instâncias que tratam do meio ambiente na ONU.

Ao concluir sua fala, o embaixador defendeu a realização de eventos como a Rio+20 a cada dez anos, que representa momento de mobilização que não deve ser perdida. “O mundo e o Brasil ficaram diferentes após o evento, como ficaram após a Rio 92, eventos que são definidores de comportamento e de ideias e catalisadores de boas práticas”.

Posição do Brasil

O professor Luiz Pinguelli Rosa, do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, disse que os sucessos e conquistas da Rio+20 não devem impedir a análise crítica. Ele admitiu que o Brasil está fazendo o “dever de casa” ao reduzir o desmatamento, responsável pela emissão de gases poluentes. Ao mesmo tempo, disse que o Brasil deve repensar a sua política de geração de energia, segundo maior setor responsável pelas emissões de CO 2 na atmosfera.

Para ele, devem ser tomadas medidas para fazer correções na construção das hidrelétricas e para reduzir os preços do etanol, apresentado como energia limpa.

Para Carlos Augusto Klink, representante do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil já está engajado na busca pelo desenvolvimento sustentável. “A conjunção Rio + 20 e a política pública é uma combinação que está nos ajudando para alcançarmos esses objetivos. Existe um plano em andamento, sua elaboração tem sido bastante ampla e será uma contribuição importante para que o Brasil cumpra o prometido em Copenhagen”, afirmou.

Ao final do evento, houve o lançamento do livro Mudanças Climáticas – Fundamentos Científicos e Políticos. A publicação é fruto de Seminário Internacional sobre Mudanças Climáticas, promovido pelo INMA e Fundação Maurício Grabois, para aprofundar a discussão sob o ponto de vista científico do tema e a dimensão política da questão.

De Brasília Márcia Xavier http://www.vermelho.org.br/ma/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=191742


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DEIXO UM CONVITE PARA UM SEMINÁRIO QUE TERÁ O SEGUINTE TEMA: "RECURSOS HÍDRICOS, SANEAMENTO E GESTÃO METROPOLITANA: OS NOVOS DESAFIOS".



Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Território
Seminários Avançados em Planejamento e Gestão do Território


Recursos hídricos, saneamento e gestão metropolitana:
Os novos desafios

Prof. Dr. Ricardo Toledo Silva
Professor Titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).


Em 4 de setembro de 2012, às 19 horas
Local: auditório da Pós-Graduação - 8º andar - bloco B
Avenida dos Estados, 5001, Bangu, Santo André


Ricardo Toledo Silva é professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde exerceu o mandato de diretor (2002-2006). Foi secretário de Desenvolvimento Urbano do Ministério da Habitação, Urbanismo e Meio-Ambiente, e Secretário Geral Adjunto do Ministério da Habitação e do Bem-Estar Social. Coordenou o Núcleo de Pesquisa em Informações Urbanas da USP. Foi Secretário Adjunto de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (2007-10). Possui experiência profissonal e de pesquisa na áreas de Tecnologia de Edificações e de Infra-Estruturas Urbanas e Regionais, principalmente em gestão integrada das águas urbanas, política urbana e saneamento.                  

Os Seminários Avançados em Planejamento e Gestão do Território tem por objetivo apresentar e expor resultados de estudos de pesquisadores de outros centros de pesquisas e programas de pós-graduação, promovendo a integração e o contato dos alunos de pós-graduação com pesquisas de alta relevância produzidas sobre o tema do planejamento e gestão do território. 

Universidade Federal do ABC / Pró-Reitoria de Pós-Graduação / NCTS Núcleo de Ciência, Tecnologia e Sociedade
http://pospgt.ufabc.edu.br





terça-feira, 21 de agosto de 2012

Bom, hoje venho aqui para convidá-los para assistir o documentário "The Corporation", cujo enredo retrata o nascimento das corporações até o predomínio de suas atividades atuais abordando questões ambientais, políticas e econômicas. É imperdível!
Após a apresentação do documentário faremos um debate sobre os temas abordados e os relacionaremos ao contexto da Rio+20. 





Outra novidade!!! Graças à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), temos o documento final da Rio+20 "The Future We Want" em versão português para que todos pudessem ler.


Estamos disponibilizando no Blog também. Se encontra na aba "Documentos importantes"

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O que mudou da ECO-92 para cá?







Duas décadas avançaram e a pergunta é: O que mudou da ECO-92 até a Rio+20?

A BBC Brasil fez uma reportagem que se baseou em um relatório chamado "Keeping Track of Our Changing Environment" realizado pelo PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente".
De acordo com  Achim Steiner, Subsecretário-Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA, “O relatório nos leva de volta ao nível básico, destacando desde o rápido acúmulo de gases de efeito estufa até a erosão da biodiversidade e o aumento de 40% no uso dos recursos naturais — mais rápido do que o crescimento da população global. Mas o relatório também mostra o modo como, quando há uma reação, é possível alterar drasticamente a trajetória de tendências perigosas que ameaçam o bem-estar humano — as iniciativas para acabar com produtos químicos que prejudicam a camada de ozônio compõem um exemplo vivo e poderoso”.

- POPULAÇÃO



- TEMPERATURA:

 
- ENERGIA:



- FLORESTAS, ÁGUA POTÁVEL E SANEAMENTO:

 


Para mais informações, acesse 

Reportagem BBC: 

Relatório Keeping Track of Our Changing Environment: http://www.unep.org/geo/pdfs/keeping_track.pdf





por Thami Izumi da Cruz


segunda-feira, 6 de agosto de 2012


Declaração final Cúpula dos Povos  X “ The Future we want ”


A Rio+20 acabou, entretanto os reflexos e as conseqüências desta reunião ficaram marcadas em dois documentos extremamente antagônicos: a Declaração Final da Cúpula dos Povos e o documento final da Rio+20 denominada “ The Future We Want”.
A Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental é um evento organizado pela sociedade civil global que aconteceu entre os dias 15 e 23 de Junho no Aterro do Flamengo (Rio de Janeiro). Paralelamente à Cúpula, acontecia a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), a Rio+20.
A Rio+20 marcou os vinte anos da realização da ECO-92 ou RIO-92, evento este que resultou em documentos importantes como a Agenda 21, Carta da Terra, e ainda as 3 convenções (Biodiversidade, Desertificação e Mudanças Climáticas). Em 1992, a agenda ambiental estava começando a ser discutida por toda a sociedade. Hoje, a discussão ambiental ganhou urgência, fato este bem destacado em ambos os documentos finais da Conferência neste ano.
A urgência não é sem razão, o cenário que temos hoje não é dos mais empolgantes: aumento da temperatura global, perda de recursos naturais e ainda uma crise mundial.
Na declaração final da Cúpula dos Povos fica claro a aversão ao sistema capitalista assim como à tão famosa “economia verde” e às “falsas soluções” defendidas pela cúpula oficial. Além disso, o texto reforça que a atenção maior é dada às grandes corporações as quais “ avançam contra o direito dos povos, a democracia e a natureza e seqüestram os bens de consumo da humanidade para salvar o sistema econômico financeiro”. Sobre a dívida ambiental histórica, o texto responsabiliza os países altamente industrializados pelo mal causado aos povos oprimidos do mundo. A “economia verde”, é vista por eles como “umas das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o
aprofundamento do endividamento público-privado, o super estímulo ao consumo, a
apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e
biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas.” O texto cita alguns exemplos do que eles consideram alternativas para o problema que enfrentamos: gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética. O documento final ainda cria um eixo de lutas, entre as quais estão:

Contra a militarização dos Estados e territórios;
Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
Contra a violência contra as mulheres;
Contra a violência às lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros;
Contra as grandes corporações;
Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por
auditorias populares das mesmas;
Pela garantia do direito dos povos à terra e ao território urbano e rural;
Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos
princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e
transgênicos;
Pela garantia e conquista de direitos;
Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por
golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas
de mercantilização;
Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;
Pela democratização dos meios de comunicação;
Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL e de luta dos Povos.

Enfim, este documento enfatiza que a sociedade civil é totalmente contrária ao sistema capitalista e seus velhos e novos mecanismos de reprodução e que esta pronta para lutar e resistir aos avanços deste sistema que aprofunda as desigualdades sociais e vai contra os conceitos de sustentabilidade, igualdade social e desenvolvimento econômico.

Já o documento final da Rio+20, “The Future We Want ”, traz muitas promessas e inúmeras polêmicas, a começar pela crítica inicial do secretário geral da ONU Ban Ki-Moon que deu uma entrevista dizendo que o documento era  “pouco ambicioso”. Entretanto, um dia depois desta declaração, o secretário-geral voltou atrás e disse que o documento final da Rio+20 “é um grande sucesso”. Controvérsias a parte, o documento “The Future We Want” não parece refletir o futuro que nós queremos. Pelo menos é essa a impressão que ficou a muitas pessoas que leram o documento que contém 53 páginas de boas intenções.
O texto insiste na necessidade de “ acelerar os esforços” para promover o desenvolvimento sustentável. Além disso, ainda lança os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (nos moldes do “Objetivos do Milênio”) e substitui a comissão de desenvolvimento sustentável por um “Fórum Intergovernamental de alto nível”. O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) terá seu papel reforçado e valorizado como uma “autoridade global e liderança da questão ambiental”. Os recursos, que antes eram provenientes de depósitos voluntários, agora passarão a ser “assegurados” e ainda contará com representantes de todos os membros da ONU. Sobre as políticas da Economia Verde, o texto as considera como "uma das ferramentas importantes" para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável. Elas não devem "impor regras rígidas", mas "respeitar a soberania nacional de cada país", sem constituir "um meio de discriminação", nem "uma restrição disfarçada ao comércio internacional". Eles devem, também, "contribuir para diminuir as diferenças tecnológicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento". E "Cada país pode escolher uma abordagem apropriada". O texto ainda aborda inúmeros temas como sustentabilidade no transporte, no turismo, energia, água, agricultura sustentável, entre outros.
Apesar de ser um documento abrangente, ele é pouco pragmático. Não apresenta soluções e/ou alternativas para enfrentar os problemas sócio-ambientais e os trata de forma muito superficial. Inúmeras vezes o texto usa palavras como reafirma, reconhece, dá importância, apóia, estimula,...; porém, em nenhum momento utilizam palavras que representam ação, atitude e comprometimento.
Bom, termino este post com uma declaração de um ativista brasileiro dos direitos humanos: "A ONU não está representando os interesses dos povos na medida em que os atores que causaram a crise são os mesmos que propõem as soluções", disse Darci Frigo. Na mesma linha de raciocínio,  Kumi Naidoo do Greenpeace International completa: “Quando tentamos resolver um problema, não podemos usar a mesma lógica que nos levou ao problema”.
Fica a dúvida: Esse é o futuro que queremos?



por Thami Izumi da Cruz


Observação: Ambos os documentos finais citados no texto estão disponíveis neste blog na aba “Documentos Importantes”.
Leia mais: