domingo, 20 de maio de 2012

O caminho para a Rio+20

por Rafael Vaidotas


   As organizações ambientais têm um evento global para se concentrar neste ano, a conferência do 'Rio+20'. No entanto, a conferencia sobre desenvolvimento sustentável encontra seus próprios problemas: ela será realizada em meio a um cenário econômico preocupante, desviando as atenções para a crise européia e reduzindo as atenções para a cúpula que retorna à cidade do Rio de Janeiro após 20 anos de sua primeira edição. Além de ocorrer junto a tal fenômeno, a cúpula também enfrenta questionamentos, tal qual a dúvida em relação a que conquistas a cúpula será capaz de conseguir. Isto porque há uma série de divergências acerca de sua agenda e gestão.

   As expectativas acerca da cúpula do 'Rio+20' são de uma abordagem menos dramática do que nas edições anteriores devido a outras preocupações mais 'imediatas' como a crise econômica. Tal fator levanta a questão em relação à importância que a cúpula terá neste cenário. O jornal 'The Economist' afirma que uma edição menos dramática do que as anteriores poderá ser benéfica à cúpula, pois este não é o momento de formar mais organismos dentro da ONU, uma vez que as já criadas nas edições de 1992 (Rio 1992) e 1997 (Rio+5) ainda não demonstraram os resultados esperados. No entanto, a cúpula ainda apresenta dúvidas acerca de sua capacidade de realizar negociações globais acerca do desenvolvimento sustentável em plena crise econômica. 

   Ao se analisar o quadro-geral recente de cúpulas similares, é possível observar que é sim possível a realização de negociações internacionais acerca do desenvolvimento sustentável, no entanto, estas podem nunca chegar a alcançar resultados significativos, vide as ações de combate à desertificação e conservação da diversidade biológica acertadas nas duas primeiras edições da cúpula e cujos resultados se revelaram decepcionantes.

   Para que a a cúpula do 'Rio+20' obtenha êxito é necessário que a mesma mude os termos de debate atualmente vigentes para termos mais próximos dos apresentados nas convenções de Estocolmo, realizadas na década de 1970 e que precederam a realização do Rio 1992. Na década de 70, o debate acerca da redução do consumo ou mesmo sua interrupção era uma novidade, no entanto, quarenta anos depois, com uma população 80% superior e uma economia três vezes maior, este debate se tornou história. 


   O jornal ainda levanta a questão principal que atinge a sociedade global atualmente. O Planeta não pode ter um meio ambiente inalterado pelos humanos. Os humanos necessitam de um meio ambiente rico e estável para prover desenvolvimento. No entanto, necessitam de encontrar um padrão de desenvolvimento que reflita a esta necessidade. Esta questão deve ser a principal nos debates que ocorrerão na 'Rio+20' e também para os debates que a seguirão.

Artigo original: 'The Road to Rio.' The Economist. Link: http://www.economist.com/node/21537039

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